quarta-feira, 21 de abril de 2010

A corrupção




Um tema mais que controverso e ainda mais actual, visto que está em tudo o que é agência noticiosa em Portugal, é a corrupção. Não me vou referir a nomes da politica ou do mundo empresarial porque são conhecidos os casos mais recentes. Vem um pouco no seguimento da minha mensagem anterior que afirma que se cria um ambiente educacional que proporciona a implementação da corrupção na personalidade das pessoas desde tenra idade.
Ainda ontem via o noticiário do meio-dia quando falavam de mais um caso de corrupção. Neste caso a corrupção foi PREMIADA nos tribunais portugueses. Como se isso não acontecesse 99,99% das vezes... Houve uma alma conscienciosa que denunciou um corrupto e iniciou um processo contra ele em tribunal. Passadas todas as sessões e os trâmites legais o resultado foi a premiação da corrupção. Sentença para corrupto é de pagar 5000 euros de multa, sentença para denunciador de corrupção são de 3000 euros de multa e de 10000 euros a pagar ao corrupto. Resultado final, o corrupto LUCRA 5000 euros! Como é possível!!?? Só podem estar a brincar! Isto acontece porque também a justiça não funciona. Em Portugal existem aplicadores de lei e não juízes, ou seja, nos tribunais olha-se demasiado ao que dizem os livros dos códigos, mais do que à própria situação e consciência de justiça. Claro que quem tiver um bom advogado ele acaba por dar a volta à coisa pois existem muitas maneiras de matar pulgas. Ora ai está uma boa alusão à corrupção, muitas maneiras de matar pulgas! Esta situação de impunidade, quer de corruptos quer de outros criminosos leva a que o crime seja e possa ser cometido mais vezes em total impunidade. É uma situação insustentável que um dia dará "o estoiro", possivelmente com um caso de enormes proporções. Mas até lá, como é natureza do português, ficamos à espera dum Dom Sebastião que nos salve ou do estoiro final mesmo para as coisas se resolverem.
Antes de ficarmos à espera podemos agir enquanto temos tempo. Mudando a maneira como funciona a justiça, com mais juízes do que aplicadores de lei, mudando as penas para estes crimes e educando as pessoas duma forma que suprima ao máximo a corrupção.

segunda-feira, 29 de março de 2010

O preço da liberdade é a disciplina


Bom, venho cá escrever a minha, de certa forma, rubrica mensal. Acabei de ver o programa Prós e Contras na RTP1, o qual deveria ver mais vezes, sobre o problema das escolas públicas.
Tudo isto se iniciou com a morte de um rapaz em Bragança devido ao bullying e às consecutivas denúncias das mesmas situações por todo o país.
O bullying existe porque há um problema de base na disciplina que as crianças recebem, ou melhor, que algumas crianças recebem. Eu considero que o bullying, e outras situações, não são mais do que um sintoma do que se passa em casa.
Eu, enquanto aluno, já vi cadeiras voar de encontro ao professor, canetas, livros e até o ocasional pau de giz roubado antes da aula. Para mim isto era impensável!! Porquê? Porque fui educado a ver o professor como se fosse um dos meus pais. Se eu atirasse algo a um dos meus pais sofreria consequências de imediato. Numa situação tão grave o mais provável era levar uns tabefes mas posso dizer que só levei uns "tabefes" umas três ou quatro vezes, no máximo, ao longo da minha vida. Portanto, tenho total noção de que a violência, por mais "leve" que seja, não é a solução para a maioria das situações. Outra coisa que me incutia respeito/medo do professor era o facto de minha mãe, no primeiro dia de aulas, dizer ao professor, à minha frente, que se eu saísse da linha que ele poderia dar-me uns tabefes. Ou seja, a autoridade da minha mãe ou pai, era transmitida ao meu professor e qualquer atitude que eu tivesse para com ele seria o mesmo que fazê-la a um dos meus pais. Se os próprios pais não incutem respeito, para com eles ou para com outras figuras de autoridade, como por exemplo um professor, não necessariamente através da violência, como podem os professores exerce-la? É impossível! Não dá. Nem os próprios auxiliares de educação, ou seja os contínuos, podem exercer qualquer autoridade sobre um aluno. Já vi acontecer um continuo levar um aluno para o conselho directivo pegando-lhe pela orelha e após umas duas horas estava a família na escola a dar-lhe porrada com a policia à mistura. Nem quiseram saber o que o seu filho fez, foram direitinhos ao homem. O continuo agiu mal? Talvez tenha sido exagero da parte dele mas o que ensina a família agindo daquela forma? Para que conste, o rapaz estava a arrancar os ramos de uma pequena árvore do jardim interior à escola.
Eu considero que a escola é um prolongamento do lar e que se os pais não trabalhassem e não tivessem responsabilidades para com a sociedade, estariam em casa a ensinar os seus filhos. Portanto, o professor adquire, de certa forma, uma função que é dos próprios pais pois estes não a podem exercer quer por falta de tempo quer por falta de formação.

Estas atitudes escolares/familiares têm depois repercussões no resto da vida do aluno, quer ele assuma ainda o papel de aluno ou como adulto inserido no mercado de trabalho. Tenho por exemplo, o facto de eu estar na Universidade onde se CABULA a torto e a direito. Já chegou ao ponto de um aluno entregar o teste resolvido com as folhas das cábulas dentro dele! É absolutamente inaceitável! Como podem os pais de alguém ensinar que a saída rápida é a melhor? Isto é a vitória do "Chico-Espertismo"! Pior de tudo, é que estas pessoas serão os gestores de amanha! Eu fui ensinado a considerar tal acto uma DESONRA e um entrave à minha evolução pessoal. Posso afirmar, à boca cheia como se diz na gíria, que nunca cabulei e tudo devido à educação que recebi de meus pais.
É razão para perguntar onde param os valores, os princípios e a ética de ser pessoa nesta mundo. Esta lacuna, da falta de educação por parte dos pais, que origina uma corrida às leis, através do estatuto do aluno, do estatuto do professor etc, etc, etc, é a base do problema nas escolas. Além de minar a autoridade do professor. Meus amigos, essas leis compiladas já deveriam ser parte das crianças e das pessoas!! Não é sobrecarregar o sistema com leis e burocracias, tirando a responsabilidade das costas das pessoas (pais e alunos) para culpabilizar os professores e todos os profissionais de educação. Esta é mais uma manobra do "Chico-Espertismo"! Atirar a culpa para o Estado e para os seus funcionários que todos os dias tentam o seu melhor, uns mais que outros, para educar e ensinar os nossos filhos.

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Bens essenciais sobre controlo do Estado; Protecção estadual

Este post vem colocar em dois o número de posts deste ano. Vou tentar fazer um por mês e como não fiz um em Janeiro faço dois em Fevereiro.

O assunto mais recente que me vem à mente é o facto de pensar que o Estado deve controlar totalmente os bens essenciais como a água, a electricidade e telecomunicações e estar presente com a maior empresa de cada sector chave da economia como acontece, por exemplo, com a Caixa Geral de Depósitos que é o maior banco português. Assim seria muito mais fácil controlar a especulação nos mercados, embora o estado lucre com a especulação pois 20% de 10€ são menos que 20% de 20€. Mas o Estado existe para as pessoas e não as pessoas para o Estado. Esse é um dos actuais problemas da sociedade portuguesa, em que o Estado vê as pessoas como fonte de rendimentos e não como fonte de riqueza.

Então analisemos este exemplo da EDP.
Os lucros da EDP em 2008 foram de 1.212 Milhões de euros, ou seja, 1,212 Biliões de euros!

Façamos contas:
1212 milhões/11 milhões de portugueses = 110,19€ por ano a cada português
Isso numa família de três pessoas dá 330,60€ a cada ano! Só de lucro!

Mas o problema não está logo aqui. O problema é que mais de 50% da EDP não está em mãos portuguesas mas sim nas mãos de estrangeiros. Isto leva uma especulação muito forte como podem ver no quadro seguinte.

Reparem que Portugal tem os preços superiores a Espanha onde o ordenado mínimo é de 633,30€ e salário médio de 1538€. Notem que em Portugal, o salário mínimo é de 475€ e salário médio de 894€ (valores de 2009).
Como a maioria das acções são detidas por estrangeiros, a maioria desse lucro vai sair de Portugal, empobrecendo-nos.
Agora imaginemos a alternativa, que seriam as acções da EDP serem na sua maioria detidas pelo Estado português. O Estado detinha controlo sobre o nível de preços aplicado às pessoas e no mercado. Logo ai, deixaria de haver especulação, ficando mais dinheiro no bolso das pessoas e empresas. No final do ano, mais de metade dos lucros ficariam nas mãos do Estado, podendo este aplicar esse dinheiro nas dividas que tem, em controlo orçamental ou em melhoria geral do país.

É, de certa forma, a falta de protecção do Estado nos mercados que faz com que a especulação seja algo normal em Portugal. A situação analisada tem várias similares entre elas a dos combustíveis onde a liberalização do preço levou a uma concertação entre as variadas empresas para extorquir mais dinheiro aos portugueses. Reparem que Portugal tem a quinta gasolina mais cara da Europa!

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

O G500

Bem, ultimamente não tenho andado muito inclinado a escrever porque passo o tempo todo a pensar mais rápido do que consigo escrever. Mas aqui vai o mais recente assunto do qual consigo escrever, do qual tenho que escrever.



Mais uma vez a televisão faz das suas e põe-nos a pensar, desta vez com o exemplo da Grécia. País esse que tem sido muito comparado com Portugal em inúmeros aspectos da sua vida económica. Falta de competitividade, deficit elevado e, o aspecto que vou abordar neste meu novo post, o G500.
Ora, comecemos por perceber o que é o G500. O G500 não passa duma mera alcunha para uma geração dos 20 aos 30 anos, altamente qualificada com um ou mais cursos e mestrados universitários inclusive, e que trabalha pelo ordenado mínimo. Na Grécia, são o G700 pois lá o ordenado mínimo é na ordem dos 630€.



Actualmente em Portugal, está-se a testemunhar o mesmo, isto é, se considerarmos que estamos um pouco melhor que a Grécia, ou então que estamos "atrasados" neste caminho para a desgraça dos muito bem qualificados.
Em Portugal, já existem 60 mil licenciados no desemprego e não me venham com a treta da crise económica pois este problema já começava a ser óbvio demais antes dela surgir. Estamos a formar mais do que conseguimos absorver! É muito fácil entrar numa universidade, basta média de 9,5. Vê-se um esforço por parte do Governo em tentar arranjar saídas para estes profissionais com criação de estágios no sector privado e no público. Estágios não resolvem nada ou resolvem muito pouco. Raras são as pessoas que conseguem trabalho com um estágio justamente porque os patrões vêem estas oportunidades como oportunidades de baixarem custos (Aprendizes, praticantes e estagiários têm direito a auferir 80% do salário mínimo) e de terem mão de obra descartável. Pessoalmente tenho a experiência através dum colega meu que com curso de 5 anos feito e com mestrado inclusive, caiu na esparrela dum estágio de onde foi rapidamente descartado quando as coisas na empresa tremeram um pouco. Que futuro para ele? Nenhum. Zero mesmo. A opção que resta é fundar o seu próprio negócio mas como não tem fonte de rendimentos não lhe fornecem crédito. Não tem saída nem futuro. Um homem feito com 26 anos vive às custas dos pais porque a sociedade não encontra um lugar para ele aplicar os seus conhecimentos e capacidades adquiridas com sacrifício.
Nele vejo reflectido o meu próprio futuro que tento a todo o custo evitar demorando um pouco mais de tempo a completar o meu curso e adquirindo experiência profissional em vários campos do mercado de trabalho. Sempre pelo ordenado mínimo, pois claro!

Já que estamos a falar sobre ordenado mínimo, o primeiro ordenado mínimo em Portugal era da ordem dos 16,46€ (3300 escudos), que aplicando as taxas de inflação anuais até à data teríamos um ordenado mínimo na ordem dos 580€ e não um de 475€. Ora, vai uma diferença de 105€! Imaginemos o que seria se todas as pessoas que auferem o ordenado mínimo ganhassem mais 105€.
Saia mais dinheiro das contas dos ricos, logo o dinheiro não ficaria parado. Pelo menos a sua maioria visto que as pessoas poderiam poupar uma percentagem. Como ganho mais vou gastar mais. Se gasto mais vai haver uma maior procura no mercado a qual as empresas têm de satisfazer aumentando produção. Para aumentar produção, precisamos de pessoas logo aumentam-se empregos. Aumenta emprego, diminui os gastos com fundos de desemprego (bom para a Segurança Social, mais sustentável a longo prazo) e mais pessoas terão mais rendimentos para gastar. Actualmente as economias vivem do Consumo, logo seria de esperar uma politica de apoio ao rendimento mais forte e mais agressiva. Até porque isto aumenta as receitas do Estado, ajudando a controlar futuros deficits e a pagar dividas do Estado. Nunca ouviram vossos país dizer que no final dos anos 80, inícios de 90, o dinheiro rendia? Pois é meus amigos, nessa altura houve um grande "bum" no desenvolvimento de Portugal, do PIB e as taxas de desemprego bateram recordes positivos.

Taxa de Desemprego em Portugal

É certo que muitas empresas fechariam as portas com esse aumento, levando gente para o desemprego, mas isso é o mundo actual que temos de enorme competitividade. É quase uma selecção natural onde o mais forte prevalece. Neste caso não é o mais forte mas sim o mais rigoroso, o mais inovador e o que apresenta mais qualidade no seu sector. Os empregados não podem ser um instrumento fácil de diminuição de custos mas isso tem sido muito usado ultimamente. Tem-se apostado muito na responsabilidade social para tentar minimizar essa injustiça mas, a meu parecer, não fez grande mossa nas mentes dos empresários portugueses. Não há um sentido de lealdade nem de gratidão para com os empregados. Num mau momento deve-se olhar para o passado e pensar no lucro que este ou estes empregados me deram (eu como patrão) e aguentar pois o que tenho, em parte, devo-o a eles mas infelizmente isso não se vê em Portugal.

Sendo este um problema bastante complexo de abordar, mexendo com várias áreas da nossa sociedade, para se resolver tem de haver uma concertação de esforços por parte do Governo, das Universidades e do patronato. Este esforço implica uma mudança de mentalidade por parte dos patrões, uma mudança na mania que todos os Governos têm de legislar para caçar o voto, e por parte das Universidades tornando um pouco mais difícil o acesso ao ensino superior.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

A problemática da Pesca em Portugal

Ontem à noite vi na TV um programa que falava sobre a Pesca, acompanhando uma família em particular. Nesta família, o pai era pescador e chegava a trabalhar 36 horas seguidas, chegando muitas vezes a casa sem dinheiro algum. Como é possível alguém trabalhar 36 horas seguidas e não receber um único cêntimo? Obviamente algo está errado. Ao longo do programa, fui-me apercebendo de que o problema da Pesca em Portugal se assemelhava muito a uma situação em particular que estudamos em Microeconomia, o mercado perfeitamente concorrencial. Segundo o livro "Economia" de Samuelson Nordhaus, o mercado perfeitamente concorrencial tem certas "regras" que o definem.
Nestes mercados tanto os vendedores como os compradores são demasiado pequenos para afectar o preço do produto (Não o podem aumentar).

Quando nos deslocamos a uma lota temos vários pescadores a tentar vender. Se um vender a 1€/kg e o outro ao lado vender a 0.80/kg cents a quem você vai comprar? Obviamente ao segundo, forçando o primeiro a baixar o preço para 0.80 cents. Isto até é bom para o consumidor mas poderá não ser para o vendedor porque os 0.80 cents podem não cobrir todas as despesas envolvidas na captura de 1kg de peixe. É isto que se passa em Portugal.

A solução passa por tornar os pescadores "grandes" para que possam deixar de estar num mercado perfeitamente concorrencial e passar para um monopólio. Para os tornarmos grandes precisamos de os associar numa associação que defina preços fixos para cada região ou até para o pais todo. Assim se nos deslocarmos para uma lota em que os preços sejam todos iguais compramos na mesma, por ser um bem de primeira necessidade, sem que haja a descida de preço que coloque em causa o sustento dos pescadores. Para onde quer que nos viremos só vemos um preço: Um que permita que os pescadores retirem algum lucro. Quando falo em preços iguais falo só num tipo de peixe. É claro que diferentes peixes têm diferentes preços devido ao tipo de captura poder ser diferente.

Outra vertente que temos de controlar é a quantidade pescada. Se for muita, então vamos querer vender para não se estragar e para vender muito baixamos o preço. Assim voltamos ao mesmo. Sugiro então uma definição de quotas de pesca para cada região, barco e para o pais todo. Mesmo que falte sardinha no Porto podemos ir buscar algum excedente a Aveiro por exemplo, sempre ao mesmo preço. Um preço que permita aos pescadores terem algum lucro. As quotas também ajudam a gerir a quantidade de peixe no oceano, o que permite uma boa gestão ambiental.

É uma solução de difícil implementação mas tendo o Estado um orçamento de 260 milhões em subsídios para este sector não lhe custaria diminuir um pouco os subsídios em detrimento da criação dum mercado que gerasse o lucro necessário para os pescadores se sustentarem.

Quem tiver comentários CONSTRUTIVOS por favor acrescente. Mais tarde enviarei um email ao ministro da Agricultura com toda a informação. Muitas cabeças pensam melhor que uma só...